terça-feira, 24 de outubro de 2017

Inversões revolucionárias: o desprezo às mães na universidade

Algum tempo atrás, comentei com um colega (que tem carreira intelectual) que eu tinha alunas que trabalhavam o dia inteiro, estudavam à noite e só viam o filho no final de semana, porque, para elas, trabalhar não era "um direito" ou "uma opção", como pregava o feminismo, mas uma necessidade para terem com que comer e pagar as contas.

A resposta foi: "Quem mandou elas terem filho antes de fazer faculdade!".

Pensem direitinho sobre essa frase imbecil. Não é apenas que ela não tem nada a ver com a questão comentada. É que ela parte de uma inversão completa da natureza humana e social.

Para ele (e para muitos!), FAZER FACULDADE é um elemento natural da vida humana; algo que diz respeito à própria natureza das coisas; um item constitutivo do que é viver em sociedade: algo que sempre existiu por todos os séculos e sempre existirá pelos séculos e séculos. 

TER FILHOS, por outro lado, é que o elemento artificial, estranho, inovador e, portanto, supérfluo, não algo que é consequência da própria natureza humana e biológica, não um elemento que é a base da própria existência e subsistência da sociedade.

Do site: Gestação Bebê.
Essa inversão revolucionária da realidade, infelizmente, é o que domina a cabeça da esmagadora maioria das pessoas. A sociedade não deve, eles acham, tentar dar o máximo de subsídios para as mulheres que têm filhos; ela deve é incentivar as novas mulheres a nunca, jamais ter filhos.

Isso é mais do que tolice. É suicídio. As sociedade sobreviveram por milênios sem a mera existência das universidades. Mas nenhuma jamais sobreviveu sem muitas e muitas e muitas mães.

Notem que não se trata de criticar quem fez faculdade antes (ou ao invés) de ter filhos, mas de considerar que esta seria a única escolha socialmente aceitável ou louvável, enquanto a outra deveria ser estigmatizada, criticada e zombada.

Especialmente nesta época em que os diplomas universitários têm cada vez menos valor e em que uma multidão de advogados e engenheiros recém-formados explode as estatísticas do desemprego (devido a uma política educacional voltada a inflar números rapidamente), é preciso lembrar que, se a maternidade pode ser uma opção, muito mais opcional é fazer faculdade; este é apenas um entre vários caminhos, entre várias opções de vida e de profissão.

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Nós confiamos em Deus; quanto aos outros, que paguem à vista.